A pandemia, não há dúvidas, nos mostrou outra face de uma realidade às vezes deixada no esquecimento, a face da fragilidade humana frente a natureza. Mais de 50 mil famílias afetadas de maneira irreparável pelo COVID-19. Em meio a tanta tristeza, surge o debate em torno da economia e os seus reflexos, tenebrosos, por uma crise, que se afigura, e leva a população a mais sofrimento, pressionada, a rever sua forma de sobreviver.
Outro dia recebi uma dessas mensagens que geralmente vem pelo Facebook relatando sobre como os japoneses lidam com o problema de atender a demanda, em queda, do gosto por consumir o peixe fresco, uma iguaria culinária japonesa, muito apreciada.
Resumindo, o peixe, pelo fato de estar cada dia mais longe, para sua captura e pesca, chegava às mesas sem o mesmo frescor que antes. A solução, depois de várias tentativas, para o bem da preferência da refeição dos japoneses e da salvação de um mercado tradicional, era se colocar um tubarão nos tanques de transporte dos navios pesqueiros, desta forma, os peixes capturados, deveriam para não serem comidos pelo tubarão, se manter em atividade, como faziam no oceano. Apesar de alguns peixes devorados, deu certo, e o mercado sobreviveu. A criatividade aliada a dificuldade, gera novas forma de sobrevivência para um mercado econômico.
Antes devemos deixar claro que não são coisas tão diferentes a economia e a saúde, não há discussão sobre a prioridade da saúde e da valorização da vida, seja ela uma ou um milhão, vale antes a vida, muito mais que qualquer outra coisa. Obvio manter a vidas das pessoal é manter a economia também, ou seja, ao se atender a manutenção da saúde e da vida do povo, mantem-se a economia.
Aliás em nosso país, temos inúmeras pendências a serem demandadas que façam justiça a grande maioria da população brasileira. Tudo é importante quando se trata da vida. Porém não se deve também perder-se em um discurso interrogativo, sobre o que é melhor para todos, não existe em uma situação de crise de saúde e consequentemente, econômica, esta perspectiva de escolha. Deve-se combater o vírus com toda força, ao mesmo tempo proteger o povo da crise econômica. Minimizar os perigos da crise econômica quando ela pode afetar vidas também é muito perigoso. Então há sim uma relação complexa entre as prioridades. O que acontece é que o povo sempre acaba por criar mecanismos que os leva a sobreviver, o sofrimento trás mudança, em todos os sentidos. A dor é muito esclarecedora, não tem vírgulas, ela vem e atropela tudo e todos.
No mundo dos negócios, estamos acompanhando, já está em movimento grande transformação na maneira de se trabalhar. Homem, seja ele japonês ou brasileiro, aprende a conviver com os tubarões, apesar de não ser o certo, gostaríamos que não fosse necessário, mas ao estarmos em perigo, corremos, aprendemos e, pela vontade de sobreviver economicamente, lutamos em campos novos de batalha, nunca antes visitados.
O mercado de vendas de automóveis vem se provando, sob grande aflição vão surgindo novas trilhas, que já mostram caminhos mais seguros. São as famosas “Startups” empresas digitais, na rede, que viabilizam, pasmem a aquisição de veículos novos e seminovos 100% online.
Estamos a frente da maior revolução ocorrida no mercado, do automóvel usado, dos últimos 100 anos. Novas forma de comprar veículos automotores surgem e assumem uma condição de realização, podemos dizer, nunca antes imaginada. Muitas pessoas duvidam, mas não vai demorar, carros usados serão todos comercializados pela Internet. Plataformas de negociação estão cada dia mais inclusivas.
A forma de se vender carros mudará radicalmente, e paradigmas sobre sua dificuldade serão atropelados pelo desejo de consumo que é a maior fonte da transformação. O que muda o mercado, não são os problemas exatamente, mas sim o desejo do consumidor e a tecnologia que proporciona um modelo seguro e independente para que pessoas possam adquirir seus carros.
Não vai demorar muito, todos poderão, da sala de casa, comprar seu carro usado sem correr riscos. Já existem empresas que estão oferecendo o serviço. O comprador pode escolher o carro pela rede, de maneira customizada, e a empresa revendedora, entrega o veículo na casa do comprador. Esse processo todo dentro das condições de segurança, higienização e garantia.
Os prognósticos preveem boa aceitação e crescimento deste tipo de comercialização. Também, pelos resultados comparativos que estão sendo demonstrados entre a venda do carro novo e o seminovo. Estatísticas mostram um crescimento, quase de 100%, na venda de usados em relação aos novos. Antes da pandemia, se vendiam 3 usados para cada 1 carro novo, hoje já são 6 usados para cada 1 carro novo, dados da Fenabrave[1]. O mercado de usados, sob essa nova proposta, ganha fôlego e força, e é tendência que se mostra uma realidade que deve se estabelecer sem volta.
Certamente devemos estar atentos às oportunidades que surgem, mesmo diante de tanta dor. Antes devemos, em primeiro lugar, combater a propagação do vírus, mortal e perigoso a vida humana, mas nunca deixar de estar na linha da sobrevivência econômica. Esse processo, mesmo que muito doloroso, nos leva a rever as formas de continuarmos trabalhando. Quando vemos 6 veículos usados vendido para 1 novo, temos de ter toda atenção para o futuro que nos espera.
Coluna Especial MT Econômico – Setor Automotivo
Colunista MT Econômico: Ricardo Laub Jr.
Historiador e Empreendedor graduado no Curso de Licenciatura Plena em História na UFMT- Universidade Federal de Mato Grosso e em EMPREENDEDORISMO (2005) pelas Faculdades ICE. Com Mestrado em História Contemporânea pela UFMT/PPGHIS. MBA – Master in Business Administration em Gestão de Pessoas, MBA – Master in Business Administration em Gestão Empresarial e MBA – Master in Business Administration em Gestão de Marketing e Negócios. Professor na faculdade, Estácio de Sá – MT, Invest – Instituto de educação superior. Presidente da AGENCIAUTO/MT- Associação do Revendedores de Veículos do Estado de Mato Grosso, com larga experiência profissional na elaboração de planos de negócio voltados para o ramo automobilístico, gerenciamento comercial, administrativo, controle de estoque, avaliação de veículos, processos operacionais e estratégicos para empresas do setor automotivo e gestão de pessoas no âmbito organizacional.
[1] Fonte: http://www.fenabrave.org.br/portal/conteudo/view/15438 -= acesso dia 21/06/2020.